O que é e por que importa
- Black Hat GEO = técnicas para viciar LLMs e sistemas de busca com IA (RAG etc.).
- Diferente do SEO black hat clássico: agora explora probabilidades, sequência de eventos, tokens e vieses do modelo — não só link/keyword.
- Impacto real: com metade do país usando IA generativa, manipulação em escala afeta decisões diárias e contamina datasets (acelera model collapse).
Como atacam (mecânica)
- Padrões falsos e associações repetidas entre entidades → o modelo “aprende” mentira com cara de autoridade.
- Exploração de tokenização (sequências específicas de tokens) para forçar respostas “priorizadas”.
- Prompt injection (direto e indireto via RAG): comandos ocultos em páginas/arquivos, usando Unicode, whitespaces invisíveis, caracteres de controle.
- Schema markup falso: sites ruins se rotulam como universidade/órgão oficial; reviews fabricadas, Organization schema deturpado para parecer fonte primária.
Consequências (não subestime)
- Ecossistema poluído: LLMs replicam desinformação com “tom de certeza”.
- Risco regulatório: AI Act (UE) fala em multas até 6% do faturamento global; Brasil discute responsabilização específica.
- Marca torra reputação: escândalos com IA viralizam, recuperação é lenta (quando possível).
- Penalizações persistentes: diferente de SEO tradicional, ficam “presas” em ciclos de treinamento dos modelos.
Como as plataformas defendem
- Detecção ML multi-sinal (tipo SpamBrain): linguagem, velocidade de publicação, grafos de sites, comportamento.
- Adversarial testing contínuo: corrida armamentista — eles melhoram; os atacantes também.
Defesa prática (o que fazer agora)
1) Governança & higiene
- Política escrita de uso de IA (interna + fornecedores).
- Auditoria trimestral de conteúdo, dados estruturados e plugins/integrações RAG.
- Inventário de fontes usadas por chatbots/assistentes (bloqueie fontes duvidosas).
2) Hardening contra prompt injection
- Em RAG, sanitize tudo: remover controles invisíveis/Unicode estranho; allowlist de domínios; strip de trechos com padrões de instrução.
- Separar contexto de comando: nunca executar instruções vindas do conteúdo recuperado.
- Rate limit e logging de consultas “suspeitas”.
3) Schema ético e verificável
- Markup mínimo e fiel ao conteúdo (sem “embelezar” autoridade).
- Assinatura/assincronia: use watermarking/assinaturas e verificação de integridade nos feeds e páginas críticas.
4) Observabilidade
- Monitoramento de menções em IAs (como sua marca é citada e por quais fontes).
- Alertas para: picos de citações anômalas, surgimento de “instituições” que ninguém conhece citando você, reviews em massa.
5) Conteúdo antifrágil
- Pesquisa própria, dados originais, topic clusters profundos (densidade semântica real, não keyword stuffing).
- Coautoria com especialistas, papers/whitepapers e transparência de fontes.
- Texto claro (legibilidade alta) + HTML semântico + performance técnica impecável (segurança/velocidade) — LLMs e RAG preferem.
6) Pós-penalização (se já pisou na bola)
- Transparência radical (admitir, corrigir, mostrar mudança de processo).
- Plano de reconstrução: conteúdo original contínuo, revisão de parceiros, provas de conformidade.
- Aceite: não há atalho; é consistência ao longo do tempo.
Red flags para identificar GEO malicioso
- Crescimento abrupto de backlinks/menções de domínios sem histórico.
- Schemas incompatíveis com o conteúdo real (ex.: “Organization” com claims grandiosos).
- Padrões de Unicode/brancos invisíveis em páginas que “alimentam” seus sistemas.
- “Reviews” e “autores” recém-criados replicando frases e estruturas.
KPIs que importam (e os que te enganam)
- Valem: precisão factual em respostas de IA (amostragens periódicas), taxa de citações qualificadas, consistência de fonte, integridade do schema, velocidade/segurança.
- Enganam: volume bruto de menções, tráfego de consultas de IA sem intenção, “crescimento” de reviews sem verificação.
Plano de 14 dias (executável)
- D1–D2: Auditoria express (schema, Unicode, fontes RAG, robots/security headers).
- D3–D5: Implementar allowlist de fontes + sanitização de contexto; ligar observability de menções em IA.
- D6–D10: Corrigir/limpar schema; publicar 2 conteúdos com dados próprios + repositório de fontes (proveniência).
- D11–D12: Watermark/assinatura nos feeds e páginas-chave; harden em CMS/CDN (WAF, CSP).
- D13–D14: Teste adversarial interno (injeções conhecidas) + runbook de resposta a incidentes.
Linha dura final
Quer “atalho”? Vai queimar sua marca e abrir espaço para processo.
Jogo de longo prazo é simples (não fácil): dados próprios, verificação, higiene técnica e governança.
Quem tratar GEO como disciplina — não truque — sai na frente enquanto o resto alimenta colapso de modelo.